segunda-feira, 12 de novembro de 2012

o acordar...


Acordei com os primeiros raios de sol, que timidamente iluminavam o horizonte e transmitiam uma falsa sensação de paz.
Tibéria sentindo a minha movimentação levantou-se bocejando - Para onde vamos? – era uma pergunta difícil, ninguém tinha notícias claras sobre a Invasão e não havia um líder no grupo, todas as manhãs as discussões aumentavam, uns queriam seguir para norte, procurar protecção nas montanhas, outros para junto das povoações costeiras a Sul.

- Não sei, vou falar com o António, devíamos seguir para as montanhas e depois tentar saber notícias, se os Suevos vieram para pilhar ou para conquistar, os lugares seguros, precisamos de saber se existe resistência - Tentei falar com confiança, mas estava confuso e tão assustado quanto Tibéria.

- Décimus, obrigado por ontem, fez-me bem desabafar – corei e sorri – Come algo, vai ser um dia duro.

Aproximei-me dos soldados e dos outros homens que discutiam efusivamente – Não aceito ordens suas – dizia um homem com um homem gordo e careca com uma túnica rasgada.

António olhou o homem friamente – As nossas hipóteses de viver mais um dia são reduzidas, separados e sem armas simplesmente não existem, ou seguimos para sul ou tentamos refugiar-nos nas montanhas mais a norte, existem lugares inóspitos onde o saque é reduzido e os Suevos querem é pilhar e solos férteis.

Tossi para chamar a atenção e todos os rostos se viraram na minha direcção, respirei fundo e assumi por direito o meu lugar neste mundo inóspito.

- Todos vocês me conhecem apenas por Décimus, aparento apenas ser um jovem com sorte, que por algum desígnio divino sobreviveu a tormenta e ao horror da queda da Civitas. Em parte é verdade, só por sorte estamos aqui hoje e o futuro é demasiado sombrio para discussões. – parei por um momento, lembrei-me das aulas de retórica e olhei as dezenas de olhos que me miravam, senti que tinha ganho a atenção e continuei.

 - Eu não nasci para ver a minha terra arrasada, o meu pai se ainda for vivo, Marcus Aetius, senador por direito, descende de um centurião da primeira colónia de veteranos que conquistaram com o seu sangue e honra a Hispânia para  glória de Roma. Assim, por direito assumo a liderança deste grupo e o rumo é só um, norte.
Depois de um momento de silêncio, Tibéria aproximou-se e com toda a confiança colocou-se a meu lado.
 - Eu sigo-te – a sua voz soou forte e logo foi repetida por todos. Os soldados aproximaram-se olhando para mim com respeito tendo em conta o meu estatuto, agora não os podia deixar mal. O rumo era as Montanhas,  o caminho longo e difícil.

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