segunda-feira, 1 de maio de 2017

divagções, divagações e mais divagações


Prometi que não iria falar mais de amor.



Prometi, e o que são promessas? Tal como o amor são vagas, flutuam ao sabor da maré.

Na maioria dos casos são palavras avulsas, ditas no êxtase, no calor de um simples momento, de cariz intimo, de contemplação ou de um dialogo embevecido.

Sou e serei um homem de paixão, é mais forte que eu, continuo a acreditar que o amor verdadeiro vence tudo, o medo, a exclusão, a recusa, a indiferença, inclusive a violência.

Uma personalidade assim, aliada a um lado mais intempestivo, sonhador causa esmorecimento, um quase apagar da chama, um brilho que se desvanece do olhar.

Nunca banalizei a palavra, raramente a utilizei. No entanto sei que já fui “banalizado”, diria que até sem maldade.

É o poder da palavra, no seu êxtase.

 O poder da palavra, a força absoluta do silêncio, a tortura da ausência, a persistência das recordações, a tortura da memória.



1805, Richard Sharpe regressa da Índia após anos a lutar pelo Império Britânico, a viagem é longa, perigosa, a vontade de regressar e de encontrar paz não é animadora. Sharpe é um homem duro, que “joga” diariamente com a vida, sem olhar para trás.

Embarca num navio da Companhia das Índias Orientais, Calliope é o seu nome. Sharpe é um alferes, promovido das fileiras pela sua bravura, não é um homem rico, segue no convés da coberta inferior, quem tem posses segue no convés superior.

Quando segue para a embarcação cruza-se com Lady Grace, casada com Sir William, aristocrata e homem de enorme poder.

Lady Grace é uma mulher altiva, de olhos expressivos, escuros, grandes, melancólicos.

A sua beleza é avassaladora, Sharpe apaixona-se, sem dizer nada ou ousar quase olhar nos olhos de Grace.

Grace uma mulher do mais alto extrato social, mantinha o seu olhar constantemente no horizonte, fitando o longo vazio “azul”.

Após várias peripécias, mesmo sendo casada, acabaram por cair nos braços um do outro, foi uma viagem longa, onde o amor, luxuria, traição, guerra, cupidez, morte conviveram de perto

Sharpe quando a viu, viu o amor, quando mais tarde a tocou sentiu amor, quando ela fez juras de que o amava ele acreditou.

Quando o barco atracou o amor esbateu-se, a fantasia desvaneceu, ela nunca iria abandonar tudo o que tinha por um alferes do exercito inglês.

O estatuto, a riqueza, a sua posição, tudo falou mais alto.

Sharpe sofreu e como sofreu, mas a vida é assim, no caso das pessoas fortes o que não as mata, torna as mais fortes.

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