domingo, 3 de junho de 2018

um conto parte IV


Respirei fundo olhei as estrelas, suspirei, abafei uma vontade de gritar e chamei-me mil vezes estúpido.


Liguei o rádio, arranquei em direção ao rio, era madrugada, percorri as ruas de Lisboa até chegar a Belém.

 Parei o carro perto da Doca do Bom Sucesso, no rádio tocava;

O cheiro dela inundava-me o pensamento era uma mistura de pensamentos o meu cérebro queria esquecer, dizia-me “foi só sexo, foi uma noite, esquece”.

Mas o cérebro pouco manda, mesmo naqueles que se intitulam racionais.

Todo o meu íntimo sentia uma angústia um fatalismo profundo fruto de uma ilusão, de um momento, que de sublime passou a uma catástrofe intima.

Escrevi e apaguei dez mensagens, “O que queres de mim?”, “Amo-te”, “Foi só sexo?…"

Apaguei as todas, o meu orgulho ferido não me permitia ser patético, aguentaria sozinho a tormenta de a esquecer, mesmo quando a imagem dela não me deixava um segundo.
Passei mais de duas horas neste torpor – Fodasse chega! e arranquei para casa.
Estacionei, olhei pela centésima vez para o telemóvel, nada. Deitei-me e quando finalmente me deixei adormecer o despertador tocou.

 Era um novo dia, teria de ser forte e nada como uma corrida matinal e uma saída com amigos para esquecer.
Disse para mim mesmo, estavas carente, sentias algo por ela, algo que estava adormecido e a vida continua.

Mas Portugal é pequeno e o mundo está cheio de coincidências…