Portugal.
Custa-me muito falar sobre o meu país, é uma relação de amor ódio.
Amo o nosso mar, o verde do Minho, as planícies do Alentejo, as montanhas e vales, o nosso vinho, a nossa gastronomia e muitas outras coisas.
Mas pela minha maneira de ser odeio a nossa desigualdade, não de hoje, desde o remoto passado e nem com a revolução e a ansiada liberdade o fado mudou.
Portugal continua a ser desigual, um poder central e autárquico que gasta milhões em obras faraónicas sem utilidade, em festas, em cargos inócuos para uma clientela voraz, uma classe média atolhada em impostos, ricos que ostentam o luxo, mas impostos não pagam, subsídio dependentes, que nada fazem para se integrar e que apenas procuram viver do que o Estado lhes dá e mais de um milhão de pessoas que trabalham, lutam e vivem numa pobreza e sofoco desesperante.
Vivo neste país há 42 anos, nada muda, é atroz, é o definhar de uma nação, fraturada, visível na morte da criança em Setúbal, 400 euros de dívida, foi o preço de uma morte sádica.
As empresas que pagam 30 ou 40 vezes acima da média dos funcionários, a gestores medíocres, também alimentam o fosso da desigualdade.
É atroz, é uma democracia feudal, uma autoestrada para o abismo civilizacional.
Venha mais uma festa, mais uma ciclovia, mais uma percurso pedonal em madeira, mais um estádio, mais nepotismo, mais desigualdade.
Vergonha é o que sinto todos os dias.
“O fraco rei faz fraca a forte gente”, escreveu Luís de Camões em 'Os Lusíadas' (Canto III, 138).
Nada como usar o comando da box e ver, mais real do que big brothers, novelas e muito do estrume que polui a nossa mente.
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