Acordei, tirei a imagem dela da cabeça, o ar estava pesado, bebi água, comi um pouco de pão duro com carne seca e parti.
Segui em direcção a estrada que me guiaria até a cidade fortificada de Emerita Augusta.
Na minha mente Emerita Augusta seria um bastião da resistência romana, as suas enormes muralhas e a sua guarnição de auxiliares alimentavam a minha esperança de encontrar alguma paz e recuperar forças para enfrentar um futuro sombrio.
Desta vez eles não vinham apenas para pilhar, vinham para matar, escravizar e ocupar.
Mais do que uma luta pelo ouro e riquezas era uma luta pela sobrevivência de um povo de uma cultura, do que restava de um orgulhoso Império.
Segui junto a estrada romana, atento aos sons e a qualquer movimento furtivo, a imagem dela, dos meus pais, do cheiro e da cor da morte, não me saia da cabeça.
O ódio era o combustível que alimentava a minha alma e me fazia continuar a caminhar, enfrentar o frio e a solidão.
Parei para descansar junto a um ribeiro, sentei-me debaixo de um velho salgueiro, bebi água, lavei o corpo e adormeci.
Acordei e senti aqueles olhos cheios de mistério a observarem-me, nunca me esquecerei desse encontro...
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