O frio aperta, a neblina cria uma atmosfera de medo, solidão, o bater do coração torna-se mais forte.
É difícil dormir, acendo uma vela, procuro o velho livro, companheiro de muitas noites. Leio as mesmas passagens, procuro uma resposta.
Não encontro, fecho os olhos, oiço um barulho algures na neblina. Os sentidos despertam. Espreito a janela vejo um vulto.
Um vulto furtivo que desliza na minha direcção. Concentro-me, procuro a espada, será um lobo, será um salteador. O vulto aproxima-se é uma mulher, envolta numa capa, uma coruja pia. O vulto aproxima-se é ela, mas como pode ser ela!.
Ela morreu, assassinada, nunca consegui superar, a guerra é um palco hostil e a morte é o tema principal.
Relembro-me de segurar nela, dos últimos suspiros, das ultimas palavras, do ultimo olhar, e dos seus bárbaros assassinos, jurei vingança.
Ela aproxima-se, abro a cancela, pouso a espada e ainda incrédulo avanço na sua direcção.
A minha respiração fica ofegante, sinto um calor dentro de mim que supera o ar gélido da noite.
Toco nas mãos dela, estão frias, retiro-lhe o capuz, não vejo nada, apenas o vazio, apenas uma miragem!
Acordo em sobressalto, mais um sonho, mais uma fantasia irreal, apenas fica o frio e a neblina e a guerra na Hispânia.
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