Tinha um avião para apanhar no dia seguinte.
A viagem foi longa, talvez demasiados km para percorrer sozinho.
Segui pela estrada nacional, curva contra curva, tendo o reflexo dos pinheiros que iam abanando ao sabor do vento estival.
Conduzi devagar, deixei o meu coração falar, apesar da solidão não me apetecia ouvir ninguém, não queria frases feitas, fraco consolo.
No fundo desejava encerrar o capítulo, a história logo se via.
Evitei a terceira entrada na A23, continuei pela via mais sinuosa, estava abstraído, o piso ia piorando.
Acendi os máximos, mantive uma velocidade estável, aumentei o volume da música e chorei.
Estranho, relembrando esse dia não consigo distinguir se chorava de tristeza se de libertação por ter dito o que sentia.
O peso do amor não correspondido era um fardo demasiado pesado, a mudança iria fazer-me bem, era o que eu profundamente desejava.
Imaginei que era noite, que ela entrava pela minha casa, sorria de alegria, trocávamos um olhar apaixonado, daqueles em que não é preciso dizer qualquer palavra, um olhar de puro amor.
A lareira estava acesa, a sala a meia-luz e de fundo uma suave música de amor. Eu observava todos os passos que ela dava na minha direção, o coração acelerado, o corpo a pedir aquele calor, a pedir amor.
Ela tocou-me na mão, puxou-me magneticamente, peito contra peito, um abraço entrelaçado e disse-me "amo-te".
Sublime, indescritível, a sensação de ser amado por um ser tão especial.
E eu respondi, amo-te tanto, senti tanto a tua falta e ali ficámos perdidos no espaço e tempo a trocar carícias a saborear cada segundo numa sintonia única.
Rimos, conversamos de coisas sérias, banais, brincámos, chorámos fizemos amor de uma forma apaixonada, intensa, numa química indescritível.
E de repente voltei à realidade, estava sozinho, numa estrada escura mas com uma certeza ela é e será sempre a mulher da minha vida...
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