Os dias, as noites, sobretudo as noites assumiram um ritual.
Um permanente sonhar acordado. Um formigueiro no corpo, mil imagens a passar continuamente pela cabeça; beijos, prazer, química, sintonia, afastamento, frieza, entorpecimento...
A vida continuava, horas a trabalhar ao computador, horas no campo, o cansaço ajudava a dormir algumas horas até que um sábado numa pequena mercearia, o inevitável aconteceu.
Não queria sentir o que senti na outra noite, melhor não queria transparecer o que senti.
Normalmente a tentativa de fazer humor é uma arma de dois gumes...
- Olá, por aqui? Tantos anos e agora pasamos a vida a cruzar-nos, olha que aqui não há peixe fresco - sorri.
"Aqui não há peixe fresco", mau demais, mal acabei de dizer, tive vontade de me esconder.
- Olá, muito obrigado pela dica, continuas muito espirituoso, apesar da barba estar a ficar grisalha.
E riu.
Existem coisas que não se explicam a empatia de duas pessoas que ficam anos sem saber uma da outra, é estranho, surreal e ao mesmo tempo bom, é a única expressão que me ocorre.
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