quinta-feira, 25 de abril de 2024

Parte 4

 - É uma pessoa que conheci faz muitos anos, chegámos a trabalhar na mesma empresa - e acrescentou na tentativa de que a conversa acabasse aí - Faz muitos anos que não o via...

- Ok, agora são quase vizinhos na província e confesso que achei o tipo um bocado o esquisito - disse  ele.

- Sempre foi um bocado estranho - e a conversa sobre o Pedro, o tal estranho que passado tantos anos se voltou a cruzar com o seu olhar terminou. 

Nessa noite ela esperou que o marido fosse dormir.  A cabeça fervilhava, o passado em imagens difusas voltava a ocupar um espaço que ela talvez por engano achou preenchido.

Não  era a forma como tudo tinha terminado, doloroso para todos, insano, o vazio enorme, ela nessa noite fria e húmida recordava a forma como se entregavam um ao outro. 

A sensação de tempo e espaço a desvanecer, os corpos quentes, ele grande, quente, ousado, ela pequena, intensa, ambos sedentos um do outro. 

Era mágico pensou ela e apesar de gostar do marido, que lhe dava conforto, carinho e inclusive tinham um filho.

Tinha tudo mas não tinha amor, adormeceu a pensar nessas palavras.

Ele sozinho, não muito longe, solitário olhava as estrelas...

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