domingo, 7 de abril de 2024

Parte 3

 Nunca um olá me tinha deixado assim.

Petrificado,  um segundo parecia uma hora.

- Olá,  que coincidência - disse eu.

-  O que fazes por aqui? Sítio estranho para nos voltarmos a ver. Este é o Rui,  o meu marido.

- Olá Rui - disse eu observando o homem que estava colado a ela, demonstrando claramente que eu era um número fora da equação - Comprei uma pequena quinta e passo aqui a maioria dos fins de semana, virei  rústico.

Uma tentativa desajeitada de fazer humor, sem qualquer impacto, teria sido da cerveja ou estaria mesmo nervoso?

-  Que giro, o pai do Rui tem uma herdade em São Salvador da Aramenha.

- Marvão é mesmo pequeno - disse eu, continuando a tentar fintar os nervos. 

- Bem vou continuar com a minha cerveja,  divirtam-se e virei novamente para o simpático empregado do bar e pedi mais uma.

- Adeus João, tirando estares mais velho, estás igual, vemo-nos por aí. 

E sorriu. Tantas memórias que me passaram pela cabeça, a primeira troca de olhares, as primeiras palavras, o olhar dela, o meu jeito trapalhão,  fiquei a sonhar acordado.

Sempre senti que aquela ferida nunca tinha sido totalmente curada. Mas a vida tinha continuado e eu mais velho e no "fim do mundo".

Resolvi sair. Ir ao castelo, apanhar vento, ver as estrelas. Precisa de esquecer o passado.

Enquanto eu me perdia em divagações naquele café perdido na aldeia, alguém não tinha gostado da conversa. 

- Quem era aquele tipo meio estranho?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Parte 4

 - É uma pessoa que conheci faz muitos anos, chegámos a trabalhar na mesma empresa - e acrescentou na tentativa de que a conversa acabasse a...