29 de Dezembro de 2016
4 da manhã.
Toca o meu telemóvel, resisto em ver quem me liga aquela hora, a insistência obriga-me a atender.
Era a Central de Alarmes, na tentativa de explodirem o ATM de uma das duas Agências que coordenava na altura, acabaram por explodir a Agência inteira...
Tomei um duche, vesti a primeira roupa que vi e meti-me no carro.
Segui rapidamente, num ímpeto diligente que pouco ou nada podia alterar o cenário.
Acabei por não me despedir...
Numa manhã normal, estando todos na mesma casa a festejar o Natal, teria-me despedido, não o fiz...
Autoridades, locais, colegas, curiosos, telemóvel a tocar constantemente.
11h da manhã, liga-me o meu pai.
Lembro-me perfeitamente, atendi no meio dos destroços.
- O teu avô partiu...
Sai, olhei para o céu, um céu azul, limpo.
Não consegui chorar, estava triste, sentia a morte dele no meu coração, mas não conseguia chorar.
Só chorei passado uns dias do funeral, sozinho, a recordar velhas histórias...
Passeios em Lisboa, Azeitão, Penha Garcia..
A paciência infinita que ele me dedicava. As centenas de perguntas que eu fazia, sobre os pássaros, sobre a sua juventude, sobre a vida...
As melhores férias, quando fugia para a casa dele das namoradinhas da adolescência, quando me sentia amado sem ele nunca ter tido a necessidade de me dizer “gosto de ti”.
Passaram três anos, mas continuas vivo no meu coração, todos os dias acordo e tento ser metade do
que tu foste.
Beijinho Luís.
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