quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

XVII

Resumir a forma como passei o meu tempo até quarta-feira é algo simples de descrever. Ocupei-me ao máximo com tarefas mundanas. 

No domingo lavei o carro, algo que raramente faço, li, vi o Senhor dos anéis e dormi, ou tentei dormir.

Nos restantes dias deixei-me absorver pelo trabalho e bem precisava, na semana anterior tinha descurado um pouco, algo anormal em mim. 

Em suma isolei-me um pouco dos amigos, internet e afins.

Finalmente quarta, acordei eram 6h30,  segui o ritual, duche, mais longo que o habitual, vesti-me,  manti o meu registo sóbrio, escolhi um fato escuro a combinar com uma gravata lisa azul escura. 

Bebi, um café, não me apeteceu leite, algo estranho, comi uma torrada. Lavei os dentes, olhei-me ao espelho e sai levando uma peça de fruta para o meio da manhã.

Recordo-me de ter sido uma manhã calma, uns mails, telefones, um olhar constante para o relógio. 

Sabia que naquele momento não valia a pena embrenhar-me em tarefas de maior rigor, iria dar asneira a ansiedade fazia com que o simples gesto de respirar fosse doloroso.

O tempo foi passando. Faltavam quinze minutos resolvi sair, sempre detestei chegar atrasado.

Desci no elevador, pensei que talvez a encontra-se mas nada. No hall cruzo-me com um velho conhecido, sou rápido no diálogo, tenho um compromisso.

Sigo em direção ao restaurante, o caminho é curto, o sol brilha apesar de não estar calor. Olho tento ver se ela se encontra nas redondezas, nada.

Entro no restaurante, observo e ali está ela, sentada numa pequena mesa a um canto. Cabelo apanhado, olhos levemente pintados de escuro, está linda como sempre.

- Olá, posso sentar-me? - pergunto com voz nervosa - Claro João, estava a tua espera? Está tudo bem?   

-  Sim e tu estás bem? - Acho que sim - respondeu ela - Achas? - retorqui.

- João eu não sei como dizer isto é avassalador, não me julgues por favor - Diz - foi a única palavra que consegui verbalizar.

- Amo-te desde que te vi, senti isso no meu coração, como nunca tinha sentido até hoje, não se explicar, tentei entender,  não existe nada para entender, tinha de te dizer que te amo, não me iria perdoar se nunca o fizesse. Mas...

- Mas? - não sei como o meu coração não parou, senti uma alegria, comunhão, inexplicável, estava enervado, mas aquele "mas"...

- Estou grávida do Rui e vamos casar...

Pronto, desci a terra...

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