segunda-feira, 30 de novembro de 2015

#boanoite


Hoje vou falar de alguém...

Nada de nomes...apenas uma história de alguém que conheço.

Vou falar de um miúdo que hoje é um homem. Um miúdo igual a tantos outros, talvez mais introspectivo, mas sociável, com amigos, família, sonhos e muita ilusão.

Esse miúdo foi crescendo, ganhando consciência, mantendo as ilusões intactas, sonhando que poderia mudar o mundo. Um dia, com dezassete anos, a caminho da escola parou, não conseguia andar, sentia-se ofegante, sem força. A sua essência era lutar, levantou-se e o caminho que demorava cinco minutos fez em trinta.

Pensou que tinha sido algo momentâneo, guardou para ele, até esse episódio sempre fora forte.

Mas a falta de força continuava, os vómitos eram constantes, não conseguia dormir nem comer.

Conseguiu esconder durante uma semana, teve medo, pensou que teria a solução mas não.

Um dia caiu à frente dos seus, não dava mais, era penoso, o sofrimento atroz, estava no limite.

Foi a vários médicos, várias questões e teorias mas as respostas não surgiam.

Perguntaram-lhe se tomava drogas e ele chorou.

Chorou de raiva de sofrimento da incapacidade em entenderem o que sentia.

Um dia deixou de conseguir sair da cama, as forças tinham acabado, só havia trevas.

Foi para o Hospital, família desesperada, passaram dez horas, sentado a agonizar numa cadeira de rodas. "Ele tomou drogas?"

Era a pergunta frequente das profissionais de saúde, a família agunizou, as perguntas sem sentido e a inércia acabavam por criar ainda mais desconforto.

E de repente entrou em coma, o corpo cedeu, a mente também, aquele miúdo sonhador sucumbiu.

Lutou até à exaustão, durante semanas assistiu à degradação do seu corpo e mente, manteve-se calmo, lúcido, sem criar desespero, apesar de saber no seu íntimo que era grave.

Esteve quase doze horas em coma, um médico mais afoito compreendeu os sinais. E ele sem saber continuava a lutar pela vida.

Acordou, sem saber onde estava, calmo, demasiado calmo, os pais choravam, os amigos idem.

Sentia-se tonto, estava a recuperar ia demorar mais dois dias até voltar a andar. Os pais não tiveram coragem de lhe dizer, foi o médico.

E disse que o rapaz tinha uma doença que o iria acompanhar para o resto da vida, dependendo da sua atitude  não o iria limitar em nada caso contrário seria sempre uma vida de mal estar.

Esperaram que ele se revoltasse, chorasse, se tornasse agressivo, precisasse de um psicólogo.

Mas ele apenas perguntou quando podia ir para casa.

E sei que com altos e baixos está bem.

É um homem saudável e nunca fez da sua história uma justificação para os seus falhanços.


...


domingo, 29 de novembro de 2015

vem o frio...#boanoite



Um conto parte XV

Enquanto a Inês se dirigia para o almoço combinado pelo namorado em Lisboa terminava o jogo de basquetebol do João.

- Hoje foi duro, estavas muito agressivo é tudo falta de sexo? - Oh Bias vocês lá no Alentejo são muito moles - retorqui com uma sonora gargalhada.

- Engraçadinho, olha que me safo bem, sobretudo cotas, adoro - Ainda bem que vives a sul tu e o Rui na mesma cidade era de fugir, passado um ano abria a liga dos cotas cornudos.

Acabamos todos a rir, a tensão do jogo ficava imediatamente para trás, sempre foi assim, nada como uma boa gargalhada, um duche e um belo almoço de amigos.

- Então onde almoçamos? - perguntou o Nuno - Pode ser na minha casa, juntam-se num carro, encomendo por telefone uns frangos e acompanhamos com uma grade de cerveja - disse o José.

O José é o tipo certinho, muito responsável, fiel à namorada, diretor de uma multinacional, uma espécie de equilíbrio na balança. 

O Bias e o Nuno são o oposto e eu ainda estava à procura do meu rumo, eram estas diferenças que faziam de nós uma espécie de irmandade assim para o peculiar.

E lá fomos os quatro almoçar. A viagem era rápida, paragem em Telheiras, o bairro dos trintões de classe média alta.

- Sabem que o João está apaixonado? Uma tipa casada ou com namorado e não lhe liga nenhuma! - estava a achar estranho o Nuno ainda não ter dito nada.

- A sério? - perguntaram os outros dois quase em uníssono - É mais ou menos isso - disse sem grande entoação.

- Deixem ele beber umas médias que conta tudo com uma lágrima no olho - insistiu o Nuno.

- Só se tu contares as tuas aventuras com cotas casadas, as estrangeiras e afins - não era mentira nenhuma ele tinha tido mais casos do que eu imaginava.

-  Continuas no mercado da América do Sul? - perguntou o José, curioso com o avontade do amigo para seduzir mulheres.

- Claro, sem tabus sem grandes conversas, são as melhores. E tu "Romeo" já tiveste alguma? - o sacana tinha tirado o dia para me chatear.

- Sinceramente não, nem preciso o Nuno conta-me tudo até com demasiados pormenores.

Lá consegui desviar as atenções, os homens acham sempre mais piada a histórias lascivas do que a paixões sem rumo ou futuro.

Já no sofisticado apartamento que o José partilhava com a Sandra, relacionamento que tinha começado na adolescência, ainda estava a dar o primeiro gole na cerveja quando entram duas mensagens no telemóvel.

Resisti e não abri as mesmas, continuei a ouvir a conversa deles sobre a vizinha do José, hospedeira de bordo com uma silhueta muito luxuriante.

Passaram trinta minutos e após a terceira  cerveja resolvi ler.

"Olá, tenho pensado em ti, beijo Inês"

Fiquei a flutuar no tempo e espaço, faltava ler a outra...









sábado, 28 de novembro de 2015

existe sempre uma luz...


ler é viajar no tempo e espaço...


Destino Azeitão #bomdia

Depois de uma sessão de cinema noturna, nada como acordar e ver o sol a brilhar, prenúncio de um dia animador.

O destino de hoje é o sopé da serra da Arrábida, Azeitão, disfrutar o tempo, o jardim, aproveitar para estar com a família é usufruir da paisagem para mais um treino físico.

Durante a noite vou provavelmente repetir o programa, livro, filme e talvez troque o café por um fim tónico, quem sabe...

Domingo em Azeitão vai ser de visita de amigos, almoço e copos...também é bom.

Para a semana farei tudo para seguir para norte, rumo ao meu refugio junto ao Tejo...

Uma coisa em comum de todos estes dias, sempre a pensar.

É o vosso fim‑de‑semana?

#bomdia

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sofá, filme e café longo...



#running


A entrar no modo fim-de-semana, vou aproveitar o anoitecer para correr um pouco.


Faz hoje sete dias que me lançava à estrada rumo ao campo, saudades.

Estou um incondicional fã da região centro e ainda tenho muito por conhecer, muito...

#boanoite


A caminho do fds..

Ainda não fiz planos mas tenho a certeza que vou pensar muito...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

#boanoite Cacilhas

#bomdia

A todos aqueles que estão de férias ou a trabalhar. 

Aproveitem, desfrutem, no trabalho pode ser ligeiramente mais difícil, para os sortudos de férias é mais fácil.

Um livro, um filme, um copo com amigos, um jantar, um passeio inesperado, correr num sítio diferente, partilhar algo com alguém especial...sugestões singelas.


Reservem um pouco do vosso dia para vocês...

Eu vou desfrutar de mais um dia no trabalho:) 

Deixo a música mais tocada na rádio pelo meu amigo Pinto;







terça-feira, 24 de novembro de 2015

Olha o que eu ouvi...



Cansado, uma hora a correr em alta rotação.

O Porto perdeu, adoro, possivelmente foi o "orgasmo" do dia.

Melhorar a minha comunicação...

No sofá  de volta dos livros... #boanoite

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

uma fortaleza


Curiosidades...

Neste momento estou a ler dois livros e a ver três séries;

- The last kingdom
- Walking dead
- In to the bad lands

Descobri a cidade em Portugal onde as mulheres bebem mais cerveja!

Consegui ouvir duas músicas do Justin Bieber e até fiquei a soletrar uma...


Hoje vou voltar a escrever...

Nada como o fim‑de‑semana é um "belo início de semana" para ganhar inspiração.

Mas nem sempre temos de ouvir aquilo que gostaríamos...


domingo, 22 de novembro de 2015

600km

Dá para ouvir muita música, apostei sobretudo na lotaria da rádio e fui surpreendido com alguns clássicos, com a minha idade recordar é viver...

Dois exemplos...

Primeira...



Segunda...



domingo...


sábado, 21 de novembro de 2015

Crónica de um sábado diferente....

Acordei cedo como habitual, eram nove horas...

 Segui o ritual de ficar uns minutos na cama a pensar na vida, levantei-me devagar abrindo de seguida a cortina.

Observei a forma lenta e melancólica como o caudal do rio Tejo seguia o seu curso. Banho, pequeno almoço, café na rua enquanto leio o jornal.

O tempo passa, almoço combinado na Foz do Cobrão, fujo à autoestrada, sigo parando em todos os sítios aprazíveis, Belver é o expoente máximo.

Chego a Vila Velha de Ródão, restaurante fechado. Mudança de planos é sábado nada me prende, apetece improvisar, fazer sem pensar muito.

Destino Marvão, sigo pela nacional, curva contra curva, mal deixo Nisa a paisagem vai ficando mais bela.

Almoço no restaurante Sever, na Portagem antes de subir para Marvão. Boa comida e bebida, mas o que quero mesmo é subir.

Chego a Marvão, local mágico, profundo, já aqui dormi várias vezes. Nada como passear à noite pelas brumas, percorrendo as ameias da cidadela, vivendo a história. Perdendo a noção do tempo.

A visita acaba, sinto-me sempre bucólico quando abandono Marvão. Sigo pela estrada ouvindo música, tendo a noite a cair no horizonte.

Vejo o Benfica, desgraça.


Agarro num livro esqueço o presente, estou no século lV...


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Programa - acabar de ver o walking dead...ufa acertei

Mas antes nada como uma grande musica intemporal...



parte XIV

O sexo terminou rapidamente, ele estava dominado pela luxúria. 

Numa dúzia de movimentos bruscos largou a semente dentro de mim e depois de um beijo pouco aceso adormeceu.

Levantei-me e fui à casa de banho, olhei ao espelho e chorei. Não me reconheci, mudei tanto assim?

Fui beber um chá, olhei para todas as mensagens recebidas do João, li, reli, pensei em como seria fazer amor com ele, tocar, sentir a respiração bem colada a mim.

Estive horas nisto, horas intermináveis, o sono não vinha a cabeça não parava de fervilhar até que finalmente adormeci no sofá. 

Acordei com a voz do Rui - Bom dia, ficaste por aqui? - abri os olhos, continuava exausta.

- Bom dia, adormeci a ver televisão, desculpa não ter ido para a cama.

- Não te esqueceste que hoje combinámos almoçar em casa do Jorge e da Mariana? - nem lembrava.

- Claro que sim, vou tomar um duche vestir-me e já saímos para tomar café.

- Eu espero por ti lá fora.

O Rui saiu e enquanto eu tomava duche mandou uma mensagem.

"Olá linda, mais meia hora e estou aí com a Inês, pensa numa forma de nos afastarmos meia horinha, quero para mim"

Nesta altura eu ainda estava longe de descobrir, no futuro iria aprender uma grande lição e desculpem a expressão  "quem não fode é fodido"...

- Estou pronta - Então vamos, estou a morrer de fome, a Mariana faz um bacalhau.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Terça ...


Apetecia-me almoçar só lanchei, apetecia-me cerveja foi água, apetecia-me correr em Belém nada fiz...

Trinta e cinco anos e ainda não consegui valorizar mais aquilo que me apetece...

Burro velho...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Parte XIII

 Cheguei a casa cansada, três horas intermináveis a divagar entre a conversa de circunstância com o Rui e o pensamento concentrado no João.

O que vi naquele gajo presunçoso e trapalhão?

 Não sei, sem dúvida que tem um olhar misterioso, um sorriso meio tímido que desarma uma fêmea mais frágil. É um homem bonito mas ao mesmo tempo cativa-me e irrita-me.

Estranho, desde miúda que não me sinto assim.

Mas eu não sou assim, sou pragmática, sei o que quero, quero o Rui, ele é o meu marido, dá-me estabilidade mas senti ciúmes na discoteca.

Tive o cuidado de apagar todas as mensagens mas tal como não consigo tirar o rosto dele da minha cabeça, as palavras surgem em  catadupla, "quero-te", "desejo-te", "preciso de te ver".

Maldita a hora em que me sentei ao lado dele, merda para as coincidências.

O Rui levou as malas para o quarto, sentei-me na sala, desliguei o telefone, fechei os olhos.

- Dormes? Vem tomar duche comigo - abri os olhos devagar, não me aapetecia - Não me apetece.

- Anda lá, quero comemorar o teu sucesso profissional, qualquer dia és partner.

- Ok...- não tinha como fugir, descalcei os sapatos e despi o vestido devagar.

Ele já estava nu, dentro da banheira, entrei, ele espalhou água tépida pelo meu corpo, fechei os olhos enquanto me tocava no peito e no sexo, não me apetecia.

Saímos do banho, sabia das intenções dele, o corpo assim o demonstrava.

Agarrou-me com força e puxou-me para a cama, passou rapidamente a língua pelo meu sexo.

Dobrei-me de forma a ficar de costas e esconder o rosto

-Vou comer-te toda! - penetrou-me com pouca doçura, num movimento de autómato.

E chorei, suavemente, lágrima a cair do rosto, porque na realidade quem eu desejava ter ali era o João...



domingo, 15 de novembro de 2015

Domingo...nunca gostei ...

Sobretudo o domingo que significa o fim de férias.

Depois do almoço a melancolia apodera-se de mim...demasiada estupidez eu sei.

Hoje nem o lanche com a primalhada me animou.

Pensei o tempo todo numas imperiais junto a um rio ou ribeira sem nome.

Barba feita, gravata escolhida, fato escuro, regresso ao passado.


sábado, 14 de novembro de 2015

Sinto falta de...

De volta à selva...


Parte XII...


Realmente é bom, mas não me sentia bem.

- Para a sério, para – e afastei a cabeça dela. Era uma imagem ridícula, um homem seminu, excitado a dizer a uma mulher sensual, predisposta a realizar uma fantasia que povoa a mente de qualquer mortal.

- És parvo? Rejeitas-me? Não vales nada – Sai do meu carro, falamos depois, a sério vamos poupar-nos.

O meu tom conciliador só acicatava a Marisa, puxei as calças de forma atabalhoada, respirei e preparei-me para ser enxovalhado.

- Nunca me aconteceu, não te dou tesão meu paneleiro? – Marisa sai, falamos depois, isto foi tudo um erro, desculpa devia ter parado mais cedo.

Foi a gota da água, saiu com o casaco semiaberto e gritou em alto e bom som – És uma merda!

Arrancou fiquei ali, surpreendido comigo mesmo  - Gostas mesmo da Inês – falei para mim – És um idiota apaixonado, agora tens de lutar por ela.

Desliguei o telemóvel, segui para casa, viagem rápida, tentando pensar o menos possível. Casa, recebido sempre com o cumprimento especial do meu cão o Zacarias e cama.

Tinha de descansar, se era uma porcaria no amor ao menos no basket tinha de sovar aqueles sacanas.

Mas dormi mal…

 

Perto da Covilhã 21horas, casa da Inês…

Paris

Atónito com o que se passa em França...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um Conto parte XI


“ Afinal não és assim tão cabrão lol Onde estás?”

- A outra com quem foi para a cama…sei pouco dela, chama-se Marisa é mais nova que eu, morena, olhos esverdeados, sorridente, trabalha no mundo da moda, extrovertida, ousada…

- Parece-me a mulher dos meus sonhos, tem amigas? – Desde os doze anos que ele me faz esta pergunta.

- Sei lá, acho que na discoteca estava com duas – O que fui dizer – Já que desmarquei com a cota bem que podias dizer a essa Marisa para aparecer aqui com uma amiga.

- Convidei-te para beber um copo, falar um pouco, não para uma espécie bacanal – Achas que elas iam alinhar numa cena a quatro? – Porra só tu, vai ao bar e o que pedires para ti pede igual para mim.

“ Estou com um amigo, mas daqui a bocado vou para casa, cansado, semana complicada, beijos”

- Desculpa João, deixei-me levar, não pensei que estavas mesmo apanhado por essa tal de Inês, tens alguma foto dela? – Só entrando no facebook, aqui tens, faz a tua crítica – Ele olhou e sorriu.

- Tem um ar demasiado importante, bonita, muito bonita, mas não é para ti, és demasiado simples, ela não é para o teu bico – Sincero como sempre.

- Secalhar tens razão, ainda está tudo muito presente, o momento em que a conheci, as palavras que trocamos, os olhares, preciso de tempo – Mudando de assunto, amanhã temos jogo de basket às 10h30 na cidade universitária, sabes quem confirmou presença? – Quem? – perguntei eu.

- O tipo mais porreiro do Alentejo, o Pedro Bias – Fixe tenho saudades do gajo, trocamos uns mails mas não o vejo desde aquele jantar em Cacilhas.


“ Preciso mesmo de ver-te e falar contigo sobre o que se passou ontem, são só dez minutos, onde te posso encontrar, bjs”

“Daqui a 15m saio de Belém, se quiseres 00h30 no parque da bomba de saída antes da A1”

“Combinado até já bjs”

- Bem então vou dormir, ainda tenho uma hora de casa até casa e amanhã tenho de te dar uma sova, não te atrases – Ok amigo, ainda é ainda vou ver se tenho uma amiga acordada – Não gastes a energia toda.

Sorrimos e demos um abraço. Segui sem saber o que de importante ela me tinha para dizer.

Estava cansado, procurei uma rádio com um beat de noite de fim-de-semana e segui em direção a 2ª circular.

Parei o carro por trás da bomba, um parque mal iluminado e aquela hora quase sem carros. Respirei fundo e olhei para o telefone.

“Estou 5minutos atrasada”

“já cá estou, parei nas traseiras da bomba”

Detesto esperar e aquela hora muito menos sem esquecer que não tinha sido eu o mentor do inusitado encontro, o que me quereria ela dizer.

Estava eu absorvido na pura especulação quando um Renault estacionou ao pé do meu carro.

O parque era mal iluminado e a Marisa fez propositadamente ou não um compasso de espera para sair do carro.

Primeiro uma perna reparei que estava de meias escuras e sapatos de salto alto, estranhei era um encontro rápido informal. Depois a outra perna e tive o vislumbre total.

Caminhava na direção do meu carro. Usava uma gabardine creme que lhe chegava ao joelho, lábios pintados de um vermelho que realçava o cenário já de si demasiado libidinoso.

Fiquei tão boquiaberto que até me esqueci de sair do carro. Ela abriu a porta do pendura.

- Posso? – Claro entra. Ela sentou-se e o casaco subiu mostrando que por baixo do mesmo estaria apenas vestida com as meias de ligas e sapatos.

Eu feito pateta olhava para o rádio do carro evitando olhar para tudo o que ela me queria mostrar, 00h37 – “Duke Dumond – Ocean Drive”, bom som por acaso.

E comecei a balbuciar – Marisa o que me queres dizer? – Ela aproximou o dedo dos meus lábios e junto ao meu ouvido sussurrou – Cala-te, já vais perceber.

Admito que nem sempre sou bem mandado, mas fiquei calado enquanto ela tirava o casaco e deixava que o corpo ficasse exposto parente mim.

Finalmente retirei os olhos do rádio e deixei-me levar pelas instruções dela tal como um recruta na primeira parada.

- Só olhas não me tocas – E eu acenei com a cabeça, que grande totó. E as mãos dela começaram por abrir o cinto das minhas calças. Ela retirou o cinto, abriu o botão dos jeans sem retirar os olhos de mim, puxou o fecho e sorriu. Eu estava hipnotizado pela luxuria do momento.

Mais fiquei quando ela depois de abrir o fecho começou a acariciar e a provocar o meu membro tocando nele suavemente tendo os boxers como barreira. Fiquei perdido no tempo, já me tinha deixado levar era tarde para resistir.

Tentei agarrar-me à imagem da Inês mas pensei que ela provavelmente estaria a fazer o mesmo com o bastardo do Rui.

Quando se fartou de me provocar, puxou-me as calças totalmente para baixo e em seguida a mão deslizou por dentro da minha roupa interior.

- É grande, já tinha saudades – Quando me preparava para dizer qualquer coisa a boca dela desceu e começou por beijá-lo com candura, foi aumentando a intensidade até que olhando-me com profundidade abocanhou o meu membro que estava no estado de virilidade intensa.

- É bom não é?

Realmente é bom, mas…

um conto parte X


O sacana adivinha sempre, somos amigos desde os seis anos, nunca discutimos por causa de uma miúda.

Ele normalmente queria sempre as gordinhas e eu por acaso não me importava.

- Adivinhaste, o meu problema chama-se Inês – Para que inventar ela era mesmo um problema, um teorema de Pitágoras amoroso.

- Já a pinaste? – Admiro a simplicidade e a forma simples de como ele vê a relação homem-mulher, pinanço.

- Não, ela nem um beijo ou abraço me deu – O quê? E ficaste tontinho? Porra, já não te conheço.

Ele nem ninguém conheceu o meu lado mais sensível, sempre o guardei para mim, o lado quixotesco, o meu lado obscuro.

Passei trinta e cinco anos a fingir que era um durão, estava realmente farto, de durão nada tenho, mas era algo que precisava de tempo, algum tempo para revelar intrinsecamente aquilo que era a minha essência.

- Apaixonei-me, sabes não consigo explicar, desde o primeiro momento em que a vi sentada numa cadeira a minha frente. E não penses que foi uma espécie de tesão louco, sim ela é bonita atraente, mas o meu primeiro impulso não foi possui-la, foi contemplar. Olhar para ela, saborear o sorriso que ela raramente mostrava, entrar dentro daquele olhar escrutinador, tocar-lhe na alma e coração. Sim, também a desejo como mulher, não posso ser hipócrita. Ontem fazia sexo e só a via, estou apanhado.

Grande monólogo fiquei sem folego, ele bebeu licor beirão inteiro enquanto eu desabafava e acho que pensou que tinha perdido o juízo.

- Ela é casada? Gosta de outro? Não te acha piada? – Tanta pergunta, mas revelou alguma preocupação, devia ter mesmo uma expressão sofredora

- Sim, tem um namorado, marido, um tipo chamado Rui, se gosta dele não sei, deve gostar.

- Então e andas a perder tempo porquê? – Sensato e pragmático – Olha não sei, não consigo explicar o que sinto por ela, só sei que é demasiado forte.

- Hum bebemos mais um copo? – Sim, podes pedir, bem preciso – Fala-me da outra? Aquele com quem foste para a cama?

E ao mesmo tempo, entrou nova mensagem no meu telemóvel.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Um conto capítulo IX


Nota de autor – o capítulo IX está a ser escrito de uma taverna medieval em Tomar, a comida é ótima e a bebida melhor, cerveja numa caneca de barro é de macho do século XII. Sendo assim, não assumo os disparates que possam vir a ser ditos. Venha a harpa para a inspiração.

 

Voltei ao trabalho, li um relatório, mas se me perguntarem, não me recordo de dois terços e basicamente deixei o relógio correr.

Eram 18h30 quando saí, sorri para a rececionista e fui um bocado ao ginásio, tinha de fazer tempo até às 22h. Estar num café ou algo assim não me iria fazer bem, optei pelo desgaste físico é sempre um bom paliativo.

Corri, pulei, puxei meia dúzia de pesos, detesto pesos e esse tipo de merdas mas dizem que faz bem, do que eu gosto mesmo é do ipo de correr pela rua, faça chuva ou sol.

Estava tão desanimado ou apaixonado, não será a mesma coisa? Que nem reparava nas boazudas que andavam para cima e para baixo naqueles fatos justinhos.

E assim passaram duas horas. Comi uma sandes, meti-me no carro e segui até Belém, sabendo de antemão que a pontualidade do meu amigo é zero.

Estacionei ao pé do Altis, nesse momento lembrei que tinha um telemóvel, que por sua vez parecia uma árvore de natal com tantas piscadelas.

Esquecendo pai, mãe, irmã, etc, tinha 3 mensagens da Marisa, basicamente seria uma perda de tempo reescrever as três.

Sumariamente diziam, foste para a cama comigo, deste-me um bom tratamento e agora não me dizes nada, és um mau.

A teoria da fragilidade feminina, o primeiro mandamento eu vou para a cama contigo, venho-me quatro vezes, no dia seguinte tu não me dizes nada, toca a mandar mensagem a dizer que me usaste.

Do ponto de vista psicológico é uma boa teoria, depende do alvo, mas eu até me sentia tranquilo, nada lhe tinha prometido, gostava de outra mulher que por sua vez nada queria comigo, o destino é tudo.

Fazendo uma retrospetiva acabo por culpar o Nuno do que se passou a seguir. Ele atrasado eu no bar. Passam dez, quinze minutos e acabo por responder a fogosa Marisa.

“Olá Marisa, desculpa só agora vi as tuas mensagens, espero que esteja tudo bem? Beijos João”

Mal recebi o send, percebi o disparate mas paciência. Eram dez e meia quando chegou o meu amigo, já tinha bebido um whiskey e olhado duzentas vezes para uma foto da Inês no Facebook.

Ainda bem que aquela porcaria não deixa rasto, senão podia ser preso por excesso de visualizações.

Ainda não descrevi a Inês, talvez fruto de um egoísmo irracional, mas enquanto o Nuno estaciona aqui vai.

Pele Branca, não demasiado branca, mas com um candura que transmite uma vontade insana de lhe percorrer o corpo usando somente a língua. Cabelos claros. Mas são os olhos enigmáticos que em conjunto com o nariz aquilino e uma boca bem desenhada fazem do rosto seu rosto uma obra de arte. Elegante, diria magra, mas não excessivamente magra, com uma silhueta bem feminina.

Sem ser alta nem baixa é todo o conjunto harmonioso, desde a forte personalidade ao rosto expressivo, passando pelo corpo tremendamente sensual, que me fizeram sentir algo muito forte desde os primeiros três segundos que a vi.

- Já estas a beber? – Não Nuno, ia ficar trinta minutos a olhar para o rio e a chorar.

- Ahahah quem é a míuda?

O sacana adivinha sempre…

um conto parte VIII


- Ontem… - Balbuciei – Ontem portaste-te como um verdadeiro idiota, quantos anos tens? – Inês um João zero.

Rapidamente perdi o controlo emocional, literalmente fiquei por baixo e logo eu que adoro ficar por cima.

- Idiota? Eu tentei falar contigo, fui enxotado como uma mosca em cima de uma sardinha – Uau estava a tentar entrar para o Guiness pelo maior número de frases idiotas ditas num minuto.

- Querias ter aquela conversa a três? – Era um argumento de peso – Não, claro que não mas lembra-te nem aos meus sms respondeste, aquilo foi um acumular.

Chegou a comida, mas estávamos absorvidos na troca de galhardetes e acreditem estava com fome.

- Um acumular? Mal te conheço, tu mal me conheces, queres ser meu amigo? Aceito, queres mais de mim? Lamento não te posso nem quer dar.

Qualquer homem que leia isto sabe que é a pura verdade, é preferível dizer a um homem apaixonado que o odeiam, que nada querem dele e deixar o tempo fluir. Quiçá se for uma paixoneta fútil (aqui é mesmo paixão) a amizade até pode surgir com o tempo.

Agora no preciso momento em que nos dizem, “não quero nada contigo mas podemos ser amiguinhos”, não me fodam por favor.

- Ok, seremos “amigos” – Disse sem convicção nenhuma, mas sempre com uma réstia de esperança de ouvir uma palavra de esperança.

A minha resposta sensata, mas não sentida teve o condão de a fazer baixar um pouco a guarda. Enquanto comia sem grande apetite o arroz já frio ela abriu um pouco a concha.

- Acredito que te passei alguns sinais que tentei ao máximo controlar, na verdade senti uma atração por ti, mas diz-me a experiência de vida que contigo só tenho a perder e nada a ganhar.

- Porquê? – Foi a única coisa que consegui dizer – Porque não te conheço, porque foi algo avassalador e estranho, porque sou racional e lido com os meus sentimentos de forma adulta e ponderada. E chega!

- Ok, Miss Racional, devias ter ficado na parte dos “amigos”, vamos falando, se quiseres.

Paguei o almoço, saí, nem a porcaria do café bebi, olhei para trás e por três segundos os nossos olhos fixaram-se, senti amor…

- Nuno estou doente, logo bebemos antecipamos o copo para às 22h, preciso mesmo de falar – OK, também já tinha ligado a mamalhuda.

Voltei ao trabalho…

Primeira do dia...


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Um conto parte VII


O elevador estava quase cheio, passou-me pela cabeça dar essa desculpa e ficar ali. Acabei por entrar.

- Boa tarde como vai Inês? – Boa tarde João, divertiu-se ontem?

Ninguém pode ter dúvidas que ela é direta, uma predadora que ataca o ponto fraco da presa.

- Sim, gostei do espaço e você divertiu-se? – Fui evasivo e achei que devia optar por um registo formal.

- Pareceu-me que estavas muito efusivo – Cansei-me da ironia, ia entrar no “jogo” dela.

- Reparou em mim? Fico lisonjeado, pensei que era invisível para si – João aquele não era o sítio nem o momento certo para termos aquela conversa.

Merda, Merda, Merda, ia-me engasgando. Será que estraguei tudo ao ir para a cama com a Marisa?

Sei que não é desculpa mas ela também estava agarrada aquele namorado, marido, aquele montanhês ciumento.

Hoje tens um minuto? Almoçamos? – Ela hesitou, pensou, pensou – Ok, mas tem de rápido tenho pouco tempo.

Descemos e fomos em direção ao pequeno restaurante familiar na esquina do escritório. Era um daqueles restaurantes típicos de refeições rápidas, pequeno, familiar e onde todos se tratavam por tu.

Durante o curto trajeto fui traçando cenários, discursos, nada me soava bem. Assim, achei melhor agir de forma natural e abusar da escuta ativa.

Depois de nos sentarmos numa mesa arrumada num canto do restaurante e após a uma trivial conversa que terminou na escolha de arroz de pato acompanhado de um refrigerante light e água fresca para mim, achei que teria de começar a falar.

Devia ter pedido uma imperial, água não ajuda…

terça-feira, 10 de novembro de 2015

um conto parte VI


Acabei por dar-lhe o número, nunca tive vocação para cabrão, ou como me disseram uma vez sou um cabrão sentimental. Podia e devia ter dito nove números aleatórios, burro.

- Logo ligo-te, dá-me um beijo garanhão – Fiz um breve sorriso e lá deu o beijo de fugida.

A caminho do escritório ligo ao melhor amigo, precisava de desabafar, estava a sentir asfixiado e sabia que ele pelo menos e retirar metade da carga dramática, precisava disso.

- Boas Nuno, tudo bem? – O Nuno andou comigo na escola, é daqueles que nos vê crescer, enquanto eu fui para a faculdade e segui economia ele tornou-se um Polícia dos bons. Era um grande  sacana com as mulheres mas isso não interessava.

 

- Então pá? Estás vivo? – Entrou logo a “matar” – Vivo sim, mas não estou nos meus dias, o que fazes logo? – Ia ter com uma tipa que conheci no outro dia na Amadora, uma cavalona, nem estás a ver que par de mamas, mas se precisas de conversar eu cancelo – Ri-me ele tinha o poder desconcertante de me fazer rir no pior dos cenários.

- Ok diz a mamalhuda que fica para amanhã, 22h30 em Belém, no bar do costume.

Entrei no edifício da multinacional de consultoria financeira onde trabalhava. Não sendo católico, rezava para não ver a Inês.

Eu sabia que ela ia estar o dia inteiro em reuniões na sede, partindo ao final do dia para o escritório regional. Ela não era de Lisboa, vivia algures numa terra pequena perto de Viseu.

Provavelmente o Rui, no meio dos aldeões foi o primeiro tipo com a dentadura completa e que leu algo sem ser o “Record” e “Abola” que ela viu.

Eram pensamentos maldosos, não me reconhecia nisso, mas admito que me dava algum prazer imaginar o Rui a fornicar com uma ovelha atrás de um pinheiro.

Eu era responsável pela área de apoio à Banca na Grande Lisboa, tinha imenso trabalho do qual admito delegava parte na minha equipa e só em situações de deadline é que sentia o olhar carrancudo do meu chefe direto.

E assim passou a manhã, telefonemas, emails, café, muito café. Estava a ser uma quarta-feira normal.

Resolvi almoçar, tinha dormido pouco, precisava de me alimentar. Chamei o elevador e estava aborto a pensar se iria comer um hambúrguer ou algo mais substancial quando a porta do elevador se abre e a vejo a minha frente…

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

conto parte V


O olhar da Inês ficou gravado na minha mente, por mais que sonhasse com uma hipotética vingança eu no fundo era um pateta, um pateta orgulhoso.

Entramos no carro, nem consegui ligar a ignição, ela com uma sofreguidão sedenta de prazer, começou a provocar-me. Sorri, foi automático, não foi aquele sorriso apaixonado, mais um esgar irracional.

Ela era muito atraente, mas só via os olhos da Inês. Abriu-me a camisa, tocou com convicção no meu peito enquanto o vestido dela subia até conseguir ver as ligas.

Foi um regresso ao hotel frenético, conduzi devagar e grande parte do caminho foi feita através de uma condição instintiva. Estava literalmente a ser devorado.

Estacionei no parque, penso que ela queria ser possuída ali, mas tive um rasgo de racionalidade e seguimos no elevador para o meu quarto.

Segui até ao 5º piso de camisa aberta, a língua dela percorreu desde o meu umbigo até ao pescoço, estava arrepiado, excitado e infeliz como se tal fosse possível.

Mesmo com tanta luxúria a minha pele não aqueceu como quando vi a Inês. Mas ela tirou-me o tapete, disse-me logo o fim e estava com uma mulher atraente, atrevida que parecia querer fazer de tudo, sem o saber, para me ajudar a esquecer.

Mão a tremer, chave na porta, meia-luz, em tronco nu. Tiro-lhe o vestido, deixo-me ir, ela fica só de ligas e saltos altos. Trocámos carícias, beijos intensos a minha mão percorre todas as curvas do seu corpo, percebo a excitação dela.

Tira-me as calças, sente que também estou empolgado, sorri e com movimentos intensos usa a boca para me dar prazer.

Tenho cerca de três segundos de racionalidade onde digo, “onde te estas a meter…” mas a boca dela misturada com a quantidade de álcool que tinha ingerido fazem-me continuar a navegar sem rumo.

- Humm, dou-te prazer?- Sim, muito…- O que poderia dizer, não era mentira.

- Quero que me possuas com força, quero ser tua.

E assim foi, levei-a para junto do espelho grande no corredor do quarto, ficou nua apenas de sapatos, colocou as mãos na parede e fletiu os joelhos em forma de provocação a convidar-me para a penetrar.

Assim começou, fizemos sexo de inúmeras formas, passamos pela cama, varanda e até pelo sofá. Senti que lhe dava prazer, a forma como gemia, como as mãos dela pressionavam o meu corpo, olhar.

Podia descrever ao pormenor, mas o relevante foi o acordar, aquele momento de embaraço.

Eram 09h00, estava exausto, tinha de estar no escritório às 10h e ao final do dia seguia para casa, uma pequena propriedade rural a 100km de Lisboa.

Banho tomado, já vestido e o corpo nu da Marisa ainda ocupava parte da cama.

- Marisa acorda, tenho de ir trabalhar – Já? – Disse ela ensonada. – Sim, já estou atrasado, o quarto está pago, podes ficar até ao meio dia depois sais discretamente.

- E é assim? Nem me dás o teu número? – Pronto começou o meu pesadelo…
 
* Sem revisão

domingo, 8 de novembro de 2015

Conto Parte IV


"How Deep is your Love”, foi ao som do Calvin Harris que começou o processo desde logo condenado ao fracasso de esquecer a Inês.

Ou melhor esse mecanismo de defesa começou com os três gins tónicos bebidos em modo acelera.

Circulava em alta velocidade na autoestrada do abismo. Não tenho como negar, apesar de já ter passado dos trinta, continuo um homem atraente, alto, com um rosto bem desenhado, lábios grosso e uns olhos misteriosos.

Conjugando o meu estado de espírito, não se destrutivo ou vingativo, diria que era um veneno que me corria o coração e a alma à desinibição provocada pelo álcool, desci a pista.

Deixe-me levar, nada tinha como certo, a minha pele estava quente, queria desistir, mas com o coração desfeito, tal como um barco sem rumo, procurei um porto onde atracar.

Deixei de olhar para a Inês que com um riso, que me parecia comprometido, dançava com o cabrão do Jorge.

Vi uma morena de olhos verdes com duas amigas, estava com uns jeans rasgados junto ao joelho, botas e um top sensual, pareciam divertidas, já tinha reparado que o olhar dela se tinha cruzado com o meu.

Aproximei-me devagar, eu queria era esquecer, respirei fundo, sorri. E então comecei a mentir.

Danças bem – sussurrei ao ouvido dela – Ela sorriu – Posso falar contigo? – Disse bem colado ao ouvido dela.

- Sim podes, mas tens nome? – João e tu? – Marisa, nunca te vi aqui? – Sorri – Ultimamente tenho saído pouco, mas hoje não resisti – ela retribuiu o sorriso – Foi? Sabias que eu ia estar aqui?

E a loucura começou. Deixei de ligar a música, não sei se era o efeito do álcool conjugado com a frustração, ou se tudo isso e a sensualidade da Marisa.

Começamos a dançar cada vez mais próximos um do outro, as amigas afastaram-se, o meu rosto estava quase colado ao dela, ambos sentíamos a respiração um do outro.

Deixei o desejo momentâneo apoderar-se totalmente de mim.

- És giro – disse-me ela enquanto me passava a língua pela orelha de forma provocadora.

- Tenho dias, tu também não és nada má – foi o disparate que me veio a cabeça.

Ela aí percebeu que tinha o controlo da situação.

Fui dominado e não me importei, o primeiro beijo foi longo, as nossas línguas tocaram-se num abraço longo. A boca dela sabia a menta, enquanto o beijo fluía, olhava-me fixamente.

As minhas mãos firmes mas discretas começaram a percorrer as pernas, subindo devagar até as costas enquanto a pressionava de encontro ao meu peito, ficamos assim quase uma hora.

- Queres ir comigo para o Hotel? – Perguntei sem muita convicção – Sim, vamos – respondeu enquanto passava a mão suavemente junto ao cinto das minhas calças.

Ao sair passamos perto da Inês, que recolhia o casaco no bengaleiro, tentei evitar o olhar dela, senti reprovação, mas homem e um homem magoado é um homem idiota…

 

Parte IV

*sem revisão

Hoje acordei com...


sábado, 7 de novembro de 2015

um conto parte III


Engraçado, ela nem é propriamente o meu estilo de mulher, se fizer uma retrospetiva da minha vida amorosa, concluo que o destino é tramado.

É altiva, bonita, demasiado até para o meu gosto, traços finos, elegante, saltos altos, lábios finos, cabelo claro, sensual e um olhar que me deixava louco apesar da indiferença que me fazia sofrer.

 A Inês também me viu, não adianta fazer de conta e fugir, ganho coragem e aproximo-me. Está sozinha, presumo que só momentaneamente.

- Olá Inês, por aqui? – As palavras saem devagar, tento mantendo o ar mais natural possível, é difícil – Sim e tu perdido? – Responde ela.

A verdade é que temos dificuldade em falar um com o outro, das poucas vezes que tivemos juntos só me lembro de uma noite em que a conversa fluiu, provavelmente o culpado foi o vinho branco do jantar. De resto as conversas foram curtas, monossilábicas, um desastre.

 E nessa noite por obra do acaso ficamos momentaneamente sozinhos, uns saíram outros foram fumar e eu despistei-me, disse que me sentia demasiado atraído por ela, que morrer sem nunca a sentir seria demasiado estúpido e até disse mais, mas não vale a pena repetir.

O som está alto, toca uma música demasiado sensual para o momento, Selena Gomez, qualquer coisa assim. Respiro fundo, tenho de ir direto ao assunto, sou assim.

- Tens um minuto? Ficaste zangada? Não me disseste mais nada, não me respondeste a nenhuma mensagem, falei de mais? – Demasiadas perguntas, apercebi-me disso mal acabei.

- Não tinha nada para te dizer, apreciei a tua sinceridade, mas não tenho nada para te dizer.

- Ok, só isso? Os teus sinais, o teu corpo não me transmitia essa indiferença – Retorqui com pouca convicção – João! Esquece, a minha vida não é compatível com paixonetas, tenho 33 anos, família, carreira.

Quando me preparava para retorquir aproxima-se um homem vindo do bar com dois copos.

- Boa Noite – Diz o estranho que eu percebi logo quem seria – Olá boa noite – Digo a contragosto.

- João este é o meu namorado o Jorge, Jorge este é o João, trabalha numa Empresa ligada a minha, o que faz de nós colegas, certo? – Disse a Inês com a sua calma característica.

- Sim, somos colegas e pelos vistos também noctívagos – respondi – Um dia não são dias amanhã as reuniões começam mais tarde e recebi a visita surpresa do Jorge, não podíamos deixar de aproveitar a noite – cada palavra que ela dizia, cada sorriso que trocavam faziam-me sentir nauseado.

- Bem divirtam-se e até amanhã – Rapidamente voltei ao bar, precisava de beber.

Mas ainda consegui ouvi o Jorge dizer com ironia – Aquele teu colega é uma simpatia – A Inês cruzou os ombros e de relance vi-os começar a dançar.

Iludi-me, senti-me o tipo mais miserável daquela discoteca.

Mais um copo e sabia que ia dançar, só não sabia o que ia provocar…

 

Parte III

*sem revisão

Um conto parte II


 

Eram três e meia da manhã quando passei pelo atónito empregado da receção.
- Boa noite, onde me posso divertir um pouco a esta hora? – Perguntei ao jovem ensonado.
- O que procura? – O sorriso escarninho dizia tudo – Não quero o que está a pensar, apenas beber algo, ver gente, distrair-me percebe?
- Ah ok, a esta hora normalmente procuram outra coisa, siga até alcântara estacione na parte velha e vai encontrar o que procura.
Achei vago, mas não estava para perder mais tempo. Entrei no carro, liguei o rádio, uma daquelas músicas africanas da moda, o refrão dizia “ Deitar-me na cama encostado em ti…”.
Fodasse, Fodasse, tudo me fazia lembrar a Inês, maldita a hora em que a vi, que ousei desejar, que sempre que fecho os olhos vejo o seu rosto, arranquei o mais depressa possível, precisava de me distrair rapidamente.
Cada sinal, cada cruzamento, um suplício, tinha pressa em chegar, parei numa ruela perto da PSP, olhei em redor e vi que o rececionista me tinha indicado uma daquelas discotecas da moda.
O típico espaço cheio de gente frequentado por pessoas entre os trinta e os quarenta anos que adora aparecer nas revistas e para os quais ficar acordado até de madrugada numa terça-feira é algo banal.
 Dirigi-me ao porteiro, um tipo baixo e demasiado largo, provavelmente viciado em esteroides e ginásio.
 Olhou-me de cima a baixo.
- Boa noite, sozinho? - Sim, vim beber algo, dia difícil muitas reuniões, a precisar de relaxar.
- Precisa de algum extra? Pó? – Perguntou em tom de sussurro – Não, apenas de um copo.
Deixei o porteiro, sem remorosos, como andavam as coisas em Lisboa, provavelmente iria ter sorte com próximo cliente.
Entrei, comecei por escutar a música, dance music, comercial com um toque do DJ. Os meus olhos cansados demoraram um pouco a adaptar-me ao ambiente escuro que contrastava com as luzes que oscilavam de acordo com o som.
Segui em direção ao bar, precisava de beber, não sendo um pé de chumbo, nunca fui um dançarino nato, talvez se deva ao fato de ser um homem alto.
Enquanto tentava, através do meu melhor sorriso, ter um pouco da atenção da barwoman, uma loira, vistosa, que despejava mecanicamente gelo e álcool em copos de plástico, observei a pista de dança.
Estava cheio de pessoas, mais mulheres que homens, na maioria bem vestidos, algumas de forma bem provocante e sensual. Sendo que essas atraiam um enxame de machos metrossexuais que gravitavam tal como satélites à volta de um planeta.
 Nada de estranho, desde novo que saio a noite, sempre foi e sempre será assim.
Finalmente consegui fazer com que no bar reparassem que estava vivo.
- O que bebe? – Expressou-se de forma rápida, incisiva e monocórdica.
Percebo elas não podem perder tempo com tipos que acham que vão engatar a boazuda do bar por isso evitam ao máximo diálogos longos.
 – Gin tónico com pouco gelo – respondi no mesmo tom. Nunca tive a fantasia de acabar a noite com a mulher do bar.
E quando aproximava o copo dos lábios vi-a, porra Lisboa é pequena…
 
Fim da segunda parte
*sem revisão

Mexer



Sol, céu azul, sábado, as condições estão reunidas:)

Pequeno almoço-almoço, Calções, ténis, ipod, running, levar ao limite, a semana foi muito sedentária com demasiados bolos à mistura...


Deixo aqui a primeira música do iPod.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Apenas um conto....parte I


Lisboa, duas da manhã, deitado na cama fito o teto do quarto do hotel. A merda do sono não vem.

A culpa é da Inês, aquele sorriso enigmático, o modo como os lábios se movem, o humor mordaz, o corpo magro e sensual...

E daquela rápida conversa, as palavras, o que disse, o que deveria ter dito, o  que gostaria de ter ouvido, tudo se mistura na minha cabeça, uma equação sem resposta.
 
Foi ocasional, quis o destino que a encontrasse, passado dois anos, num almoço de trabalho.
 
Mas na verdade eu nunca a tinha esquecido.
 
Tinha chegado ao ponto de fazer amor com outras mulheres e imaginar o rosto dela.

Estou inquieto, viro-me, dobro-me, estico-me, não estou confortável. Acendo um candeeiro, fito o meu resto num enorme espelho e não me reconheço.

Salto da cama, olho para o telemóvel, nada, sigo em direção ao mini bar. Abro a porta com brusquidão, observo e opto por uma pequena garrafa de gin.

Abro e sigo em direção a janela, afasto  a cortina, olho-me mais uma vez ao espelho. faço uma careta, visto uma camisa e vou para a varanda.

É Novembro, está frio, um vento sopra vindo do rio em direção ao Chiado. Coloco as mãos no corrimão frio, regresso ao quarto, visto uma camisa e volto ao exterior.

Observo, as luzes as ruas sem ninguém, sinto a minha respiração, o vapor do ar que expiro. Fecho os olhos por segundos e em seguida olho para o céu, a lua, praguejo e bebo.

Bebo para esquecer, bebo para recordar, uma  pequena lágrima escorre pelo rosto, nem me dou ao trabalho de limpar.

Respiro fundo, sinto-me ridículo, ligo a televisão. Apanho os Roxy Music, Slave to love, digo para mim mesmo, perfeito, lamechas...

Aumento o som, olho novamente para o telemóvel, uma mensagem da Rita.

"Olá João, nunca mais disseste nada, tenho pensado em ti..."

Nem respondo, tudo o que iria dizer era falso.

Porra, é sina. A Rita pensa em mim eu penso na Inês que pela sua vez deve estar a dormir com alguém, quem disse que era fácil.

 Digo para mim mesmo ela não merece, eu fiz de tudo para a ter, mostrei-me, dei-me a conhecer, ela não quis saber, não consigo desistir mas tenho de parar,

Despi-me fui para o duche, não tenho calma, é difícil esperar, tenho 34 anos mas a paciência nunca foi uma qualidade.

No fundo eu queria sonhar, que me querias tocar, mas estava acordado, irritado, sai do duche e vesti-me.

Vesti-me para sair, eram 3h da manhã, queria esquecer-me, era um risco calculado, tinha uma reunião às 10h, ficar na cama a olhar para o teto ou sair.

Fodasse sai, já estava tudo estragado, portanto...

Fartei-me de ser certo e mesmo com o coração colado ao peito, segui a deriva.

Entrei no carro, desliguei o telemóvel e conduzi até Santos.

E a confusão começou...


fim da primeira parte...
 
*sem revisão, quando acabar tento compilar...

sugestões...


Depois de jantar a melhor pizza da margem sul, evitado o que seria uma penosa noite de copos, não tenho a menor vontade de fazer a pequena mala de viagem.

Viagem essa que terá uma paragem emocional, carregada de recordações e de um amor inabalável e que irá perdurar pela eternidade.

Em seguida sigo, em direção ao meu retiro, o barulho da água que segue o curso do rio, o corvo marinho que abre as asas num rochedo, o olhar felino do gato que me recebe, tanta coisa...

Irei correr, ler, rir, sonhar, escrever, tenho um plano, ou melhor tenho vários planos...

Será?

Acho que talvez ainda coloque alguma coisa aqui...às vezes um néctar espirituoso ajuda...

Mas deixo uma sugestão repetida para quem lê o blog e não tem paciência para tanta mensagem num só dia...

Faz 2 3 anos que deixei uma sugestão de filme...é 100% emocional, mas faz bem a alma acreditar que não existem impossíveis, apenas barreiras e uma coisa é certa, só vivemos uma vez.


link para o filme;

http://putlocker.is/watch-tristan-and-isolde-2006-online-free-putlocker.HTML

O trailer para os mais curiosos...








800 mensagens

800 mensagens, número bonito...

Já escrevi diariamente, já estive para desistir, sem ideias, com demasiadas ideias, com esperança e sem continuei...

O fato de não ter desistido fez-me crescer, detesto deixar algo a meio...

Uma semana de férias, quis que o dia passasse depressa, mas passou devagar...e ainda bem que assim foi...

Às vezes do pouco sentimos muito...e por vezes nem a distância arruína o que de bom segue na nossa alma ou coração.


Sugestão musical de final de dia...adoro...e é verdade "nada tenho como certo...o certo nunca foi para mim" com o "coração colado ao peito..."

Regresso...

Depois de três dias em Lisboa, longe da rotina, eis o regresso...

Pedi ajuda aos Depeche Mode para sair da cama, adoro sobretudo os primeiros trinta segundos da música...

Que o dia passe depressa...




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

confuso...


Sou emotivo e ao mesmo tempo frio, racional e por vezes "selvagem", meigo e às vezes cruel.

Tenho referências mas não tenho terra, tenho alguns bons amigos mas julgo que nem eles terão a profundidade suficiente para me entender.

Sou competitivo, mas sou cético, ganho mas não saboreio, tento atingir o meu limite e nunca fico satisfeito.

Nunca me consegui definir a 100%...

Sinto que irei passar a minha vida toda a tentar conhecer-me e talvez não chegue.

35 anos  meio perdido no tempo espaço...

Estava em  lume brando, nestes últimos dias fiquei confuso...

domingo, 1 de novembro de 2015

Mmm...


Acordar cedo...


Sempre fui madrugador, em miúdo acordava, abria uma fresta da portada ou acendia a luz de cabeceira e lia durante uma hora enquanto vencia a preguiça matinal. 

Foi assim que explorei ao máximo o prazer da leitura, que viajei por outros locais, vivi personagens e imaginei como seria viver  no passado. 

Hoje em dia o acordar cedo é menos prazeroso, o trabalho e ao fim de semana o prazer doloroso da atividade física, ficando a leitura confinada para o serão.

Na verdade não consigo ser feliz sem ler. É um vicio, um hábito é uma fuga à realidade que acompanha desde a descoberta de quem sou.

Hoje, talvez nostálgico, acordei cedo e não fui correr, fiz um café. Forte sem açúcar, abri um livro e viajei, tal como o tinha feito no passado, ao passado.

Inglaterra, ano de 877...

Boas leituras...