Acabei por dar-lhe o número,
nunca tive vocação para cabrão, ou como me disseram uma vez sou um cabrão
sentimental. Podia e devia ter dito nove números aleatórios, burro.
- Logo ligo-te, dá-me um beijo
garanhão – Fiz um breve sorriso e lá deu o beijo de fugida.
A caminho do escritório ligo ao
melhor amigo, precisava de desabafar, estava a sentir asfixiado e sabia que ele
pelo menos e retirar metade da carga dramática, precisava disso.
- Boas Nuno, tudo bem? – O Nuno
andou comigo na escola, é daqueles que nos vê crescer, enquanto eu fui para a
faculdade e segui economia ele tornou-se um Polícia dos bons. Era um grande sacana com as mulheres mas isso não
interessava.
- Então pá? Estás vivo? – Entrou logo
a “matar” – Vivo sim, mas não estou nos meus dias, o que fazes logo? – Ia ter
com uma tipa que conheci no outro dia na Amadora, uma cavalona, nem estás a ver
que par de mamas, mas se precisas de conversar eu cancelo – Ri-me ele tinha o
poder desconcertante de me fazer rir no pior dos cenários.
- Ok diz a mamalhuda que fica para
amanhã, 22h30 em Belém, no bar do costume.
Entrei no edifício da
multinacional de consultoria financeira onde trabalhava. Não sendo católico,
rezava para não ver a Inês.
Eu sabia que ela ia estar o dia
inteiro em reuniões na sede, partindo ao final do dia para o escritório
regional. Ela não era de Lisboa, vivia algures numa terra pequena perto de
Viseu.
Provavelmente o Rui, no meio dos
aldeões foi o primeiro tipo com a dentadura completa e que leu algo sem ser o “Record”
e “Abola” que ela viu.
Eram pensamentos maldosos, não me
reconhecia nisso, mas admito que me dava algum prazer imaginar o Rui a fornicar
com uma ovelha atrás de um pinheiro.
Eu era responsável pela área de
apoio à Banca na Grande Lisboa, tinha imenso trabalho do qual admito delegava
parte na minha equipa e só em situações de deadline é que sentia o olhar
carrancudo do meu chefe direto.
E assim passou a manhã,
telefonemas, emails, café, muito café. Estava a ser uma quarta-feira normal.
Resolvi almoçar, tinha dormido
pouco, precisava de me alimentar. Chamei o elevador e estava aborto a pensar se
iria comer um hambúrguer ou algo mais substancial quando a porta do elevador se
abre e a vejo a minha frente…
Sem comentários:
Enviar um comentário