terça-feira, 10 de novembro de 2015

um conto parte VI


Acabei por dar-lhe o número, nunca tive vocação para cabrão, ou como me disseram uma vez sou um cabrão sentimental. Podia e devia ter dito nove números aleatórios, burro.

- Logo ligo-te, dá-me um beijo garanhão – Fiz um breve sorriso e lá deu o beijo de fugida.

A caminho do escritório ligo ao melhor amigo, precisava de desabafar, estava a sentir asfixiado e sabia que ele pelo menos e retirar metade da carga dramática, precisava disso.

- Boas Nuno, tudo bem? – O Nuno andou comigo na escola, é daqueles que nos vê crescer, enquanto eu fui para a faculdade e segui economia ele tornou-se um Polícia dos bons. Era um grande  sacana com as mulheres mas isso não interessava.

 

- Então pá? Estás vivo? – Entrou logo a “matar” – Vivo sim, mas não estou nos meus dias, o que fazes logo? – Ia ter com uma tipa que conheci no outro dia na Amadora, uma cavalona, nem estás a ver que par de mamas, mas se precisas de conversar eu cancelo – Ri-me ele tinha o poder desconcertante de me fazer rir no pior dos cenários.

- Ok diz a mamalhuda que fica para amanhã, 22h30 em Belém, no bar do costume.

Entrei no edifício da multinacional de consultoria financeira onde trabalhava. Não sendo católico, rezava para não ver a Inês.

Eu sabia que ela ia estar o dia inteiro em reuniões na sede, partindo ao final do dia para o escritório regional. Ela não era de Lisboa, vivia algures numa terra pequena perto de Viseu.

Provavelmente o Rui, no meio dos aldeões foi o primeiro tipo com a dentadura completa e que leu algo sem ser o “Record” e “Abola” que ela viu.

Eram pensamentos maldosos, não me reconhecia nisso, mas admito que me dava algum prazer imaginar o Rui a fornicar com uma ovelha atrás de um pinheiro.

Eu era responsável pela área de apoio à Banca na Grande Lisboa, tinha imenso trabalho do qual admito delegava parte na minha equipa e só em situações de deadline é que sentia o olhar carrancudo do meu chefe direto.

E assim passou a manhã, telefonemas, emails, café, muito café. Estava a ser uma quarta-feira normal.

Resolvi almoçar, tinha dormido pouco, precisava de me alimentar. Chamei o elevador e estava aborto a pensar se iria comer um hambúrguer ou algo mais substancial quando a porta do elevador se abre e a vejo a minha frente…

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