- Hoje foi duro, estavas muito agressivo é tudo falta de sexo? - Oh Bias vocês lá no Alentejo são muito moles - retorqui com uma sonora gargalhada.
- Engraçadinho, olha que me safo bem, sobretudo cotas, adoro - Ainda bem que vives a sul tu e o Rui na mesma cidade era de fugir, passado um ano abria a liga dos cotas cornudos.
Acabamos todos a rir, a tensão do jogo ficava imediatamente para trás, sempre foi assim, nada como uma boa gargalhada, um duche e um belo almoço de amigos.
- Então onde almoçamos? - perguntou o Nuno - Pode ser na minha casa, juntam-se num carro, encomendo por telefone uns frangos e acompanhamos com uma grade de cerveja - disse o José.
O José é o tipo certinho, muito responsável, fiel à namorada, diretor de uma multinacional, uma espécie de equilíbrio na balança.
O Bias e o Nuno são o oposto e eu ainda estava à procura do meu rumo, eram estas diferenças que faziam de nós uma espécie de irmandade assim para o peculiar.
E lá fomos os quatro almoçar. A viagem era rápida, paragem em Telheiras, o bairro dos trintões de classe média alta.
- Sabem que o João está apaixonado? Uma tipa casada ou com namorado e não lhe liga nenhuma! - estava a achar estranho o Nuno ainda não ter dito nada.
- A sério? - perguntaram os outros dois quase em uníssono - É mais ou menos isso - disse sem grande entoação.
- Deixem ele beber umas médias que conta tudo com uma lágrima no olho - insistiu o Nuno.
- Só se tu contares as tuas aventuras com cotas casadas, as estrangeiras e afins - não era mentira nenhuma ele tinha tido mais casos do que eu imaginava.
- Continuas no mercado da América do Sul? - perguntou o José, curioso com o avontade do amigo para seduzir mulheres.
- Claro, sem tabus sem grandes conversas, são as melhores. E tu "Romeo" já tiveste alguma? - o sacana tinha tirado o dia para me chatear.
- Sinceramente não, nem preciso o Nuno conta-me tudo até com demasiados pormenores.
Lá consegui desviar as atenções, os homens acham sempre mais piada a histórias lascivas do que a paixões sem rumo ou futuro.
Já no sofisticado apartamento que o José partilhava com a Sandra, relacionamento que tinha começado na adolescência, ainda estava a dar o primeiro gole na cerveja quando entram duas mensagens no telemóvel.
Resisti e não abri as mesmas, continuei a ouvir a conversa deles sobre a vizinha do José, hospedeira de bordo com uma silhueta muito luxuriante.
Passaram trinta minutos e após a terceira cerveja resolvi ler.
"Olá, tenho pensado em ti, beijo Inês"
Fiquei a flutuar no tempo e espaço, faltava ler a outra...
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