quinta-feira, 12 de novembro de 2015

um conto parte VIII


- Ontem… - Balbuciei – Ontem portaste-te como um verdadeiro idiota, quantos anos tens? – Inês um João zero.

Rapidamente perdi o controlo emocional, literalmente fiquei por baixo e logo eu que adoro ficar por cima.

- Idiota? Eu tentei falar contigo, fui enxotado como uma mosca em cima de uma sardinha – Uau estava a tentar entrar para o Guiness pelo maior número de frases idiotas ditas num minuto.

- Querias ter aquela conversa a três? – Era um argumento de peso – Não, claro que não mas lembra-te nem aos meus sms respondeste, aquilo foi um acumular.

Chegou a comida, mas estávamos absorvidos na troca de galhardetes e acreditem estava com fome.

- Um acumular? Mal te conheço, tu mal me conheces, queres ser meu amigo? Aceito, queres mais de mim? Lamento não te posso nem quer dar.

Qualquer homem que leia isto sabe que é a pura verdade, é preferível dizer a um homem apaixonado que o odeiam, que nada querem dele e deixar o tempo fluir. Quiçá se for uma paixoneta fútil (aqui é mesmo paixão) a amizade até pode surgir com o tempo.

Agora no preciso momento em que nos dizem, “não quero nada contigo mas podemos ser amiguinhos”, não me fodam por favor.

- Ok, seremos “amigos” – Disse sem convicção nenhuma, mas sempre com uma réstia de esperança de ouvir uma palavra de esperança.

A minha resposta sensata, mas não sentida teve o condão de a fazer baixar um pouco a guarda. Enquanto comia sem grande apetite o arroz já frio ela abriu um pouco a concha.

- Acredito que te passei alguns sinais que tentei ao máximo controlar, na verdade senti uma atração por ti, mas diz-me a experiência de vida que contigo só tenho a perder e nada a ganhar.

- Porquê? – Foi a única coisa que consegui dizer – Porque não te conheço, porque foi algo avassalador e estranho, porque sou racional e lido com os meus sentimentos de forma adulta e ponderada. E chega!

- Ok, Miss Racional, devias ter ficado na parte dos “amigos”, vamos falando, se quiseres.

Paguei o almoço, saí, nem a porcaria do café bebi, olhei para trás e por três segundos os nossos olhos fixaram-se, senti amor…

- Nuno estou doente, logo bebemos antecipamos o copo para às 22h, preciso mesmo de falar – OK, também já tinha ligado a mamalhuda.

Voltei ao trabalho…

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