Cheguei a casa cansada, três horas intermináveis a divagar entre a conversa de circunstância com o Rui e o pensamento concentrado no João.
O que vi naquele gajo presunçoso e trapalhão?
Não sei, sem dúvida que tem um olhar misterioso, um sorriso meio tímido que desarma uma fêmea mais frágil. É um homem bonito mas ao mesmo tempo cativa-me e irrita-me.
Estranho, desde miúda que não me sinto assim.
Mas eu não sou assim, sou pragmática, sei o que quero, quero o Rui, ele é o meu marido, dá-me estabilidade mas senti ciúmes na discoteca.
Tive o cuidado de apagar todas as mensagens mas tal como não consigo tirar o rosto dele da minha cabeça, as palavras surgem em catadupla, "quero-te", "desejo-te", "preciso de te ver".
Maldita a hora em que me sentei ao lado dele, merda para as coincidências.
O Rui levou as malas para o quarto, sentei-me na sala, desliguei o telefone, fechei os olhos.
- Dormes? Vem tomar duche comigo - abri os olhos devagar, não me aapetecia - Não me apetece.
- Anda lá, quero comemorar o teu sucesso profissional, qualquer dia és partner.
- Ok...- não tinha como fugir, descalcei os sapatos e despi o vestido devagar.
Ele já estava nu, dentro da banheira, entrei, ele espalhou água tépida pelo meu corpo, fechei os olhos enquanto me tocava no peito e no sexo, não me apetecia.
Saímos do banho, sabia das intenções dele, o corpo assim o demonstrava.
Agarrou-me com força e puxou-me para a cama, passou rapidamente a língua pelo meu sexo.
Dobrei-me de forma a ficar de costas e esconder o rosto
-Vou comer-te toda! - penetrou-me com pouca doçura, num movimento de autómato.
E chorei, suavemente, lágrima a cair do rosto, porque na realidade quem eu desejava ter ali era o João...
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