quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Um conto parte VII


O elevador estava quase cheio, passou-me pela cabeça dar essa desculpa e ficar ali. Acabei por entrar.

- Boa tarde como vai Inês? – Boa tarde João, divertiu-se ontem?

Ninguém pode ter dúvidas que ela é direta, uma predadora que ataca o ponto fraco da presa.

- Sim, gostei do espaço e você divertiu-se? – Fui evasivo e achei que devia optar por um registo formal.

- Pareceu-me que estavas muito efusivo – Cansei-me da ironia, ia entrar no “jogo” dela.

- Reparou em mim? Fico lisonjeado, pensei que era invisível para si – João aquele não era o sítio nem o momento certo para termos aquela conversa.

Merda, Merda, Merda, ia-me engasgando. Será que estraguei tudo ao ir para a cama com a Marisa?

Sei que não é desculpa mas ela também estava agarrada aquele namorado, marido, aquele montanhês ciumento.

Hoje tens um minuto? Almoçamos? – Ela hesitou, pensou, pensou – Ok, mas tem de rápido tenho pouco tempo.

Descemos e fomos em direção ao pequeno restaurante familiar na esquina do escritório. Era um daqueles restaurantes típicos de refeições rápidas, pequeno, familiar e onde todos se tratavam por tu.

Durante o curto trajeto fui traçando cenários, discursos, nada me soava bem. Assim, achei melhor agir de forma natural e abusar da escuta ativa.

Depois de nos sentarmos numa mesa arrumada num canto do restaurante e após a uma trivial conversa que terminou na escolha de arroz de pato acompanhado de um refrigerante light e água fresca para mim, achei que teria de começar a falar.

Devia ter pedido uma imperial, água não ajuda…

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