Nota de autor – o capítulo IX
está a ser escrito de uma taverna medieval em Tomar, a comida é ótima e a
bebida melhor, cerveja numa caneca de barro é de macho do século XII. Sendo
assim, não assumo os disparates que possam vir a ser ditos. Venha a harpa para
a inspiração.
Voltei ao trabalho, li um
relatório, mas se me perguntarem, não me recordo de dois terços e basicamente
deixei o relógio correr.
Eram 18h30 quando saí, sorri para
a rececionista e fui um bocado ao ginásio, tinha de fazer tempo até às 22h.
Estar num café ou algo assim não me iria fazer bem, optei pelo desgaste físico
é sempre um bom paliativo.
Corri, pulei, puxei meia dúzia de
pesos, detesto pesos e esse tipo de merdas mas dizem que faz bem, do que eu
gosto mesmo é do ipo de correr pela rua, faça chuva ou sol.
Estava tão desanimado ou apaixonado,
não será a mesma coisa? Que nem reparava nas boazudas que andavam para cima e
para baixo naqueles fatos justinhos.
E assim passaram duas horas. Comi
uma sandes, meti-me no carro e segui até Belém, sabendo de antemão que a
pontualidade do meu amigo é zero.
Estacionei ao pé do Altis, nesse
momento lembrei que tinha um telemóvel, que por sua vez parecia uma árvore de
natal com tantas piscadelas.
Esquecendo pai, mãe, irmã, etc,
tinha 3 mensagens da Marisa, basicamente seria uma perda de tempo reescrever as
três.
Sumariamente diziam, foste para a
cama comigo, deste-me um bom tratamento e agora não me dizes nada, és um mau.
A teoria da fragilidade feminina,
o primeiro mandamento eu vou para a cama contigo, venho-me quatro vezes, no dia
seguinte tu não me dizes nada, toca a mandar mensagem a dizer que me usaste.
Do ponto de vista psicológico é
uma boa teoria, depende do alvo, mas eu até me sentia tranquilo, nada lhe tinha
prometido, gostava de outra mulher que por sua vez nada queria comigo, o
destino é tudo.
Fazendo uma retrospetiva acabo
por culpar o Nuno do que se passou a seguir. Ele atrasado eu no bar. Passam
dez, quinze minutos e acabo por responder a fogosa Marisa.
“Olá Marisa, desculpa só agora vi
as tuas mensagens, espero que esteja tudo bem? Beijos João”
Mal recebi o send, percebi o
disparate mas paciência. Eram dez e meia quando chegou o meu amigo, já tinha
bebido um whiskey e olhado duzentas vezes para uma foto da Inês no Facebook.
Ainda bem que aquela porcaria não
deixa rasto, senão podia ser preso por excesso de visualizações.
Ainda não descrevi a Inês, talvez
fruto de um egoísmo irracional, mas enquanto o Nuno estaciona aqui vai.
Pele Branca, não demasiado
branca, mas com um candura que transmite uma vontade insana de lhe percorrer o
corpo usando somente a língua. Cabelos claros. Mas são os olhos enigmáticos que
em conjunto com o nariz aquilino e uma boca bem desenhada fazem do rosto seu rosto
uma obra de arte. Elegante, diria magra, mas não excessivamente magra, com uma
silhueta bem feminina.
Sem ser alta nem baixa é todo o
conjunto harmonioso, desde a forte personalidade ao rosto expressivo, passando
pelo corpo tremendamente sensual, que me fizeram sentir algo muito forte desde
os primeiros três segundos que a vi.
- Já estas a beber? – Não Nuno,
ia ficar trinta minutos a olhar para o rio e a chorar.
- Ahahah quem é a míuda?
O sacana adivinha sempre…
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