quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Um conto capítulo IX


Nota de autor – o capítulo IX está a ser escrito de uma taverna medieval em Tomar, a comida é ótima e a bebida melhor, cerveja numa caneca de barro é de macho do século XII. Sendo assim, não assumo os disparates que possam vir a ser ditos. Venha a harpa para a inspiração.

 

Voltei ao trabalho, li um relatório, mas se me perguntarem, não me recordo de dois terços e basicamente deixei o relógio correr.

Eram 18h30 quando saí, sorri para a rececionista e fui um bocado ao ginásio, tinha de fazer tempo até às 22h. Estar num café ou algo assim não me iria fazer bem, optei pelo desgaste físico é sempre um bom paliativo.

Corri, pulei, puxei meia dúzia de pesos, detesto pesos e esse tipo de merdas mas dizem que faz bem, do que eu gosto mesmo é do ipo de correr pela rua, faça chuva ou sol.

Estava tão desanimado ou apaixonado, não será a mesma coisa? Que nem reparava nas boazudas que andavam para cima e para baixo naqueles fatos justinhos.

E assim passaram duas horas. Comi uma sandes, meti-me no carro e segui até Belém, sabendo de antemão que a pontualidade do meu amigo é zero.

Estacionei ao pé do Altis, nesse momento lembrei que tinha um telemóvel, que por sua vez parecia uma árvore de natal com tantas piscadelas.

Esquecendo pai, mãe, irmã, etc, tinha 3 mensagens da Marisa, basicamente seria uma perda de tempo reescrever as três.

Sumariamente diziam, foste para a cama comigo, deste-me um bom tratamento e agora não me dizes nada, és um mau.

A teoria da fragilidade feminina, o primeiro mandamento eu vou para a cama contigo, venho-me quatro vezes, no dia seguinte tu não me dizes nada, toca a mandar mensagem a dizer que me usaste.

Do ponto de vista psicológico é uma boa teoria, depende do alvo, mas eu até me sentia tranquilo, nada lhe tinha prometido, gostava de outra mulher que por sua vez nada queria comigo, o destino é tudo.

Fazendo uma retrospetiva acabo por culpar o Nuno do que se passou a seguir. Ele atrasado eu no bar. Passam dez, quinze minutos e acabo por responder a fogosa Marisa.

“Olá Marisa, desculpa só agora vi as tuas mensagens, espero que esteja tudo bem? Beijos João”

Mal recebi o send, percebi o disparate mas paciência. Eram dez e meia quando chegou o meu amigo, já tinha bebido um whiskey e olhado duzentas vezes para uma foto da Inês no Facebook.

Ainda bem que aquela porcaria não deixa rasto, senão podia ser preso por excesso de visualizações.

Ainda não descrevi a Inês, talvez fruto de um egoísmo irracional, mas enquanto o Nuno estaciona aqui vai.

Pele Branca, não demasiado branca, mas com um candura que transmite uma vontade insana de lhe percorrer o corpo usando somente a língua. Cabelos claros. Mas são os olhos enigmáticos que em conjunto com o nariz aquilino e uma boca bem desenhada fazem do rosto seu rosto uma obra de arte. Elegante, diria magra, mas não excessivamente magra, com uma silhueta bem feminina.

Sem ser alta nem baixa é todo o conjunto harmonioso, desde a forte personalidade ao rosto expressivo, passando pelo corpo tremendamente sensual, que me fizeram sentir algo muito forte desde os primeiros três segundos que a vi.

- Já estas a beber? – Não Nuno, ia ficar trinta minutos a olhar para o rio e a chorar.

- Ahahah quem é a míuda?

O sacana adivinha sempre…

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