"How Deep is your Love”, foi ao
som do Calvin Harris que começou o processo desde logo condenado ao fracasso de
esquecer a Inês.
Ou melhor esse mecanismo de
defesa começou com os três gins tónicos bebidos em modo acelera.
Circulava em alta velocidade na autoestrada
do abismo. Não tenho como negar, apesar de já ter passado dos trinta, continuo
um homem atraente, alto, com um rosto bem desenhado, lábios grosso e uns olhos misteriosos.
Conjugando o meu estado de
espírito, não se destrutivo ou vingativo, diria que era um veneno que me corria
o coração e a alma à desinibição provocada pelo álcool, desci a pista.
Deixe-me levar, nada tinha como
certo, a minha pele estava quente, queria desistir, mas com o coração desfeito,
tal como um barco sem rumo, procurei um porto onde atracar.
Deixei de olhar para a Inês que
com um riso, que me parecia comprometido, dançava com o cabrão do Jorge.
Vi uma morena de olhos verdes com
duas amigas, estava com uns jeans rasgados junto ao joelho, botas e um top
sensual, pareciam divertidas, já tinha reparado que o olhar dela se tinha
cruzado com o meu.
Aproximei-me devagar, eu queria
era esquecer, respirei fundo, sorri. E então comecei a mentir.
Danças bem – sussurrei ao ouvido
dela – Ela sorriu – Posso falar contigo? – Disse bem colado ao ouvido dela.
- Sim podes, mas tens nome? –
João e tu? – Marisa, nunca te vi aqui? – Sorri – Ultimamente tenho saído pouco,
mas hoje não resisti – ela retribuiu o sorriso – Foi? Sabias que eu ia estar
aqui?
E a loucura começou. Deixei de
ligar a música, não sei se era o efeito do álcool conjugado com a frustração,
ou se tudo isso e a sensualidade da Marisa.
Começamos a dançar cada vez mais
próximos um do outro, as amigas afastaram-se, o meu rosto estava quase colado
ao dela, ambos sentíamos a respiração um do outro.
Deixei o desejo momentâneo apoderar-se
totalmente de mim.
- És giro – disse-me ela enquanto
me passava a língua pela orelha de forma provocadora.
- Tenho dias, tu também não és
nada má – foi o disparate que me veio a cabeça.
Ela aí percebeu que tinha o
controlo da situação.
Fui dominado e não me importei, o
primeiro beijo foi longo, as nossas línguas tocaram-se num abraço longo. A boca
dela sabia a menta, enquanto o beijo fluía, olhava-me fixamente.
As minhas mãos firmes mas
discretas começaram a percorrer as pernas, subindo devagar até as costas
enquanto a pressionava de encontro ao meu peito, ficamos assim quase uma hora.
- Queres ir comigo para o Hotel? –
Perguntei sem muita convicção – Sim, vamos – respondeu enquanto passava a mão
suavemente junto ao cinto das minhas calças.
Ao sair passamos perto da Inês,
que recolhia o casaco no bengaleiro, tentei evitar o olhar dela, senti
reprovação, mas homem e um homem magoado é um homem idiota…
Parte IV
*sem revisão
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