domingo, 8 de novembro de 2015

Conto Parte IV


"How Deep is your Love”, foi ao som do Calvin Harris que começou o processo desde logo condenado ao fracasso de esquecer a Inês.

Ou melhor esse mecanismo de defesa começou com os três gins tónicos bebidos em modo acelera.

Circulava em alta velocidade na autoestrada do abismo. Não tenho como negar, apesar de já ter passado dos trinta, continuo um homem atraente, alto, com um rosto bem desenhado, lábios grosso e uns olhos misteriosos.

Conjugando o meu estado de espírito, não se destrutivo ou vingativo, diria que era um veneno que me corria o coração e a alma à desinibição provocada pelo álcool, desci a pista.

Deixe-me levar, nada tinha como certo, a minha pele estava quente, queria desistir, mas com o coração desfeito, tal como um barco sem rumo, procurei um porto onde atracar.

Deixei de olhar para a Inês que com um riso, que me parecia comprometido, dançava com o cabrão do Jorge.

Vi uma morena de olhos verdes com duas amigas, estava com uns jeans rasgados junto ao joelho, botas e um top sensual, pareciam divertidas, já tinha reparado que o olhar dela se tinha cruzado com o meu.

Aproximei-me devagar, eu queria era esquecer, respirei fundo, sorri. E então comecei a mentir.

Danças bem – sussurrei ao ouvido dela – Ela sorriu – Posso falar contigo? – Disse bem colado ao ouvido dela.

- Sim podes, mas tens nome? – João e tu? – Marisa, nunca te vi aqui? – Sorri – Ultimamente tenho saído pouco, mas hoje não resisti – ela retribuiu o sorriso – Foi? Sabias que eu ia estar aqui?

E a loucura começou. Deixei de ligar a música, não sei se era o efeito do álcool conjugado com a frustração, ou se tudo isso e a sensualidade da Marisa.

Começamos a dançar cada vez mais próximos um do outro, as amigas afastaram-se, o meu rosto estava quase colado ao dela, ambos sentíamos a respiração um do outro.

Deixei o desejo momentâneo apoderar-se totalmente de mim.

- És giro – disse-me ela enquanto me passava a língua pela orelha de forma provocadora.

- Tenho dias, tu também não és nada má – foi o disparate que me veio a cabeça.

Ela aí percebeu que tinha o controlo da situação.

Fui dominado e não me importei, o primeiro beijo foi longo, as nossas línguas tocaram-se num abraço longo. A boca dela sabia a menta, enquanto o beijo fluía, olhava-me fixamente.

As minhas mãos firmes mas discretas começaram a percorrer as pernas, subindo devagar até as costas enquanto a pressionava de encontro ao meu peito, ficamos assim quase uma hora.

- Queres ir comigo para o Hotel? – Perguntei sem muita convicção – Sim, vamos – respondeu enquanto passava a mão suavemente junto ao cinto das minhas calças.

Ao sair passamos perto da Inês, que recolhia o casaco no bengaleiro, tentei evitar o olhar dela, senti reprovação, mas homem e um homem magoado é um homem idiota…

 

Parte IV

*sem revisão

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